Influência do Fomc dos EUA nos nossos investimentos

Para quem ainda não viu, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) aumentou a taxa de juros nos EUA. Isso pode ter uma implicação nos seus investimentos.

Antes de mostrar onde este fato pode influenciar nos investimentos, gostaria, primeiramente, de falar que este aumento pode - não necessariamente vai - afastar investidores estrangeiros de países emergentes, como o Brasil, levando-os para investir em títulos indexados à taxa de juros nos EUA. Por que eles deixariam um investimento com rendimento alto para ir para um país onde o rendimento é baixo? Simplesmente, porque confiam que no Brasil, eles podem não receber, enquanto, nos EUA, eles vão receber com certeza.

Este é o pensamento de alguns investidores estrangeiros, não de todos. Mas esses "alguns" já são suficientes para retirar uma quantidade considerável de dólar do Brasil - eles resgatam seus investimentos em real, já que estão no Brasil, e compram dólares para levar para os EUA -, e isso diminui a oferta da moeda estrangeira aqui. Com isso, o preço do dólar aumenta, já que a oferta diminuiu.

Somada a essa notícia, temos a notícia do final de novembro/16 de que o Copom diminuiu a taxa de juros, a SELIC, que é outro fator que afasta investidores estrangeiros, já que a queda da SELIC diminui o rendimento de investimentos como o título público LFT, que é indexado à SELIC. Normalmente, o CDI acompanha a taxa básica de juros, então investimentos em CDB, LCI etc podem diminuir de rendimento também. Isso tudo é motivo para alguns estrangeiros - não todos - retirarem dinheiro daqui e levarem para outro lugar mais interessante.

Isso tudo é teoria, apesar de, normalmente, acontecer. Coincidência, ou não, um dia depois do anúncio do corte de 0,25% da SELIC, o valor do dólar comercial foi de R$ 3,38 para R$ 3,46. Em 24 horas desde o anúncio do aumento da taxa de juros nos EUA, o valor do dólar comercial foi de R$ 3,33 para R$ 3,38.

Agora, você une estas duas notícias - aumento da taxa de juros nos EUA e queda da taxa de juros no Brasil -, e você tem um cenário favorável ao aumento do dólar. Você pode até pensar em comprar dólar hoje, e ver o quanto vai subir. Bom, eu acredito que isso é uma mistura de investimento e especulação. Eu sugiro investigar um pouco mais caso vá comprar dólar como forma de investimento, pois deve-se considerar que alguns especialistas acreditam que o dólar já está precificado, mesmo com o aumento da taxa de juros nos EUA. Pode ser que haja um aumento no preço da moeda, mas não o suficiente para ter um ganho considerável. Mas ainda não é onde quero chegar.

O Copom pretende cortar mais alguns décimos da SELIC em 2017 para que a economia seja reativada, enquanto isso, nos EUA, eles querem aumentar a taxa de juros, pois eles já consideram que ela ficou baixa demais por muito tempo, já que eles a diminuíram em 2008 após a crise imobiliária. É uma situação complicada para o Brasil. Se o Brasil corta daqui, e eles aumentam de lá, como eu disse, é um cenário para aumento do dólar, e consequentemente, aumento do IPCA também, já que muitos produtos dependem do preço do dólar - o pão é um exemplo, pois o Brasil importa trigo.

Pensando pelo lado do governo, a situação não é tão trivial assim de resolver. Se continuar diminuindo a SELIC, corre o risco de ter um dólar alto com inflação. Se mantiver a SELIC ou aumentar, a economia pode se manter no ritmo lento que atualmente está. É óbvio que não são só essas as variáveis, mas são duas variáveis muito importantes.

Baseado nessas duas variáveis - aumento de taxa de juros nos EUA e diminuição de taxa de juros no Brasil -, nota-se que dificilmente a SELIC e o IPCA ficarão baixos simultaneamente, e, com isso, os títulos públicos continuarão valendo a pena.

Só saberemos mesmo o que vai acontecer no Brasil à medida que o tempo passar. A partir de fevereiro ou março de 2017, é possível que já tenhamos uma visão mais clara, já que Trump já terá assumido e já começará a mostrar suas cartas. Infelizmente, ele interfere nos rendimentos dos investimentos no mundo todo.

Qualquer dúvida, crítica etc, fique à vontade para comentar.

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