Poupança bate inflação e a tendência de queda da SELIC para 2017

Já há alguns meses, a caderneta de poupança vem superando o IPCA. Isso significa que quem guarda dinheiro na poupança voltou a ter um ganho real, fato que não acontecia desde meados de 2015, quando o IPCA esteve acima de 8,50% ao ano, até o final de 2016. Pensando pelo lado coletivo, é uma boa notícia. Quanto menor a inflação, menor é a velocidade com a qual o nosso dinheiro perde valor real.

Em contrapartida, e pensando de forma egoísta, alguns investimentos vão começar a ter uma queda. Aliás, no início de dezembro de 2016, investidores já começaram a sentir o efeito.

Primeiro ponto é a taxa SELIC. Uma medida que o governo usa para tentar frear a inflação é o aumento dessa taxa. Para ver algumas de suas influências, você pode ler o que escrevi aqui: http://guiamonetario.blogspot.com/2016/11/taxa-selic-e-suas-influencias.html. Não entrarei em detalhes do motivo dela em conter a inflação, mas o fato é que, com a queda da inflação, o governo passou a cortar alguns décimos da taxa. O atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, já sinalizou um novo corte dessa taxa já para janeiro de 2017. O que isso influencia? A começar, diretamente, pelo LFT, também conhecido por Tesouro Selic. É o título público indexado à taxa SELIC. Se ela cai, então seu rendimento também cai. Um fato é: ela ainda é alta, mesmo considerando que os títulos públicos sofram incidência de imposto de renda.

Outra influência, desta vez indireta, está nos investimentos atrelados ao CDI. Uma busca rápida no google mostrará ao leitor que o CDI tende a acompanhar a taxa SELIC. Com a queda da SELIC, a tendência é de queda no CDI também, e, com isso, todos os investimentos atrelados a ele terão remuneração menor. Para se ter uma ideia, no início da década de 2010, alguns CDB chegaram a remunerar menos do que a poupança. Hoje, este fato não acontece nem nos bancos grandes que costumam ter uma remuneração em CDB menor do que os bancos ditos de segunda linha.

Com a inflação diminuindo, outro título público, que também tem seu rendimento diminuído, é o IPCA+, "antigamente" chamado de NTNB.

Pontos positivos dessa situação:
  • Com a inflação em queda, menor é a velocidade, com a qual, nosso dinheiro perde valor.
  • Títulos IPCA+, mesmo com rendimentos menores, continuam nos dando um rendimento com aumento de poder de compra, já que eles remuneram a uma taxa fixa somada com o IPCA, isto é, a remuneração sempre será maior do que o IPCA.
  • Inflação e SELIC em queda significa uma tendência de uma economia mais ativa, e isso implica indústrias precisando de mais mão de obra, e isso leva a queda do desemprego etc. Isso não é exato assim, mas é uma tendência.

No final deste ano de 2016, é provável que a inflação fique no topo da meta, o que é muito bom, pois há 1 ano, tínhamos um IPCA perto de 11% ao ano.

O Banco Central estipulou a meta da inflação de 4,5% ao ano, com 1,5% de tolerância para mais ou para menos, para os anos de 2017 e 2018, e tudo indica que isso acontecerá, desde que não seja feita nenhuma bobagem pelo governo, e que não haja nenhuma crise nesse meio tempo. Com isso, manter a taxa SELIC relativamente baixa nestes próximos anos será uma tarefa menos árdua do que foi nos últimos, onde houve vários aumentos até atingir os atuais incríveis 14,25% no final do ano de 2015.

Caso você invista mensalmente em CDB ou LCI/LCA, a ideia é continuar pesquisando quanto o seu banco está remunerando nestes investimentos. Não sinta vergonha de mudar para a poupança durante alguns meses caso você veja que a rentabilidade dela passe a superar os outros investimentos.

Caso você queira uma lista com as principais taxas, este site do Valor Econômico é muito bom: http://www.valor.com.br/valor-data/indices-financeiros/indicadores-de-mercado.

Obrigado pela visita!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os CDB's do Banco do Brasil

O banco Intermedium, seu LCI e CDB.

Um apanhado geral a respeito dos Títulos Públicos